terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CANADA vs BRAZIL



Eu moro no CANADA, mais especificamente em Montreal, a cerca de quase 2 anos (Julho 2010 até o dia de hoje) além do 1 ano e meio em passei aqui durante meu doutorado sanduíche ( Fevereiro 2008 até Agosto 2009). O total então somado dessa "aventura" internacional é de cerca de 3 anos e alguns meses. O CANADA é um dos países mais ricos do mundo com um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente 1,75 trilhões de dólares (segundo dados de 2011). Assim, esse país configura como uma das potências mundiais e membro do seleto grupo de páises de PRIMEIRO mundo. Como tal, o CANADA oferece ao seus habitantes uma qualidade de vida extramamente elevada, em que pontos críticos do bem estar social como, por exemplo, segurança e desemprego, não representam um grande problema (ao menos a curto prazo). Obviamente como todo país, mesmo que sendo de primeiro mundo, o CANADA enfrenta instabilidades, mas até então demonstra o poderio necessário para sempre se recuperar. Juntando a isso tudo, ele pertence ao "Novo Mundo" e ,ao contrário do vizinho Estados Unidos da América (EUA), apresenta uma política bem estruturada de imigração que abre as portas para imigrantes proveninentes das mais diferentes nações. Portanto, em vista dos muitos motivos que destaquei fica fácil entender porque o CANADA representa um dos destinos preferidos dos brasileiros que decidem imigrar e morar fora do Brasil.

 Morar no exterior e vivenciar uma realidade totalmente diferente da realidade brasileira é com certeza umas das experiências mais enriquecedoras que podemos desfrutar em nossa vida. A possibilidade de interagir e vivenciar uma cultura diferente é algo que nos permite refletir e assumir pontos de vista até então desconhecidos para nós. No nosso dia a dia, traçamos paralelos entre a nossa realidade atual (que no meu caso é a realidade do CANADA) com a realidade que tinhamos quando moravámos no Brasil. Dessa forma, comparar o Brasil com o nosso novo endereço no exterior é quase que inevitável. Acredito que certos momentos até nos tornamos de certa forma um pouco mais brasileiros, porque dificilmente permitimos que algum estrangeiro fale mal do nosso país. No entanto, curiosamente o sentimento funciona justamente na direção oposta quando estamos somente entre brasileiros, e acabamos inevitavelmente listando todos os inúmeros problemas da nossa pátria Tupiniquim. O sentimento é sempre aquele de que o Brasil, definitivamente, não tem jeito.

Não somente ao que se refere a o fato de morar no CANADA, mas também como em qualquer outro lugar do mundo, ouvimos argumentos semelhantes para sustentar a opção de morar no exterior. "No exterior aprendi a respeitar diferenças, diversidades de raças e estilos de vida. Aprendi a conviver em uma sociedade que não é machista, egoísta ou hipócrita. Posso cruzar na faixa de segurança sem medo de ser atropelado ou posso desfrutar da segurança de fazer uma caminhada noturna sem ter que carregar conmigo medo e a desconfiança". Com certeza, no que se refere a minha experiência pessoal, posso afirmar, categoricamente, que todas as experiências e fatos relatados são sim uma realiade quando se mora em um país de primeiro mundo no exterior.

No entanto, acredito que esses fatos podem ser vistos de um prisma um pouco diferente. Quando aportamos em um novo país temos sim essa etapa em que ficamos até de certa forma chocados com essa mudança de hábitos e valores. Somos brasileiros e carregamos com nós nossos valores brasileiros. Ainda que fora do Brasil, somos parte da sociedade brasileira, não no que se refere a pagar impostos ou algo do tipo, mas sim no sentido dos valores que carregamos dentro de nós. Logo, aquilo que mais criticamos no Brasil é algo que faz parte do nosso comportamente de brasileiro. Em última análise, somos parte do problema que tanto criticamos. Estamos em fuga, para não lidar com esses problemas de frente, e dificilmente admitimos nossa parcela de culpa em toda essa confusão social que é o Brasil. Somo munidos da mesma hipocrisia que tanto criticamos, para alegar que, a exceção de quase todo o resto dos brasileiros que estão no Brasil, não fazemos parte do problema. No fim, não percebemos que a única exceção que reprensentamos é aquela que nos permite, ao contrário da grande maioria da população brasileira, ter condições financeiras de nos mudarmos para o exterior. Estamos sempre criticando o comportamento coletivo do povo brasileiro, e acabamos por ficar cegos para a realidade que mostra que estamos sendo egoístas e apenas preocupados com o nosso próprio umbigo.

Cada escolhe o que acredita ser o mais certo para atender suas necessidades. Não estou de forma alguma criticando a decisão de uma pessoa de morar no exterior. Como já reforcei antes, acredito que morar no exterior seja sim uma experiência enriquecedora em todos os sentidos. Contudo, defendo que o nosso discurso gasto de BRAZIL é FODA possa ser um pouco diferente. Acima de tudo, mais consciente da nossa contribuição para essa situação e também do quanto podemos contribuir para que as coisas melhorem. Me incluo nessa parcela e estou tentando retificar o meu discurso para algo mais construtivo. Adoro viver no CANADA, fiz aqui amigos para toda a vida. Estou tendo a oportunidade de aprender e evoluir como indivíduo, mas com certeza retorno ao BRAZIL, porque no final de contas Brasil é Brasil, e na ,minha opínião, não há melhor lugar no mundo do que a casa da gente.

2 comentários:

  1. Sinto que é difícil aplicar aqui alguns conceitos e atitudes que adquiri morando no exterior, mas o lance é não desistir, e aos poucos ir apresentando-os àqueles com quem convivemos.

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  2. Pois é... É mesmo uma decisão bem difícil essa a de se mudar de mala e cuia pra um outro país. Primeiro, porque acabamos deixando muita coisa boa para trás, família, amigos, lugares especiais... e por mais que nos adaptemos ao novo lugar, certas coisas continuam insubstituíveis. No entanto, se aceitamos abandonar tantas coisas importantes é porque há compensações e acreditamos que vale a pena. Acreditamos principalmente no futuro. Em um futuro e uma tranquilidade que nem sempre as condições brasileiras nos permitem acreditar, por isso é tão pessoal a decisão sobre imigrar ou não, e sendo assim, não é pra todo mundo que o melhor lugar do planeta seja o país onde a gente nasceu. *1



    De qualquer forma, o inaceitável é ouvir ou fazer comentários negativos sobre o país de origem, no nosso caso, o Brasil. É claro que temos uma infinidade de problemas, e discutí-los é a melhor forma de conhecê-los e e encontrar soluções, ou no mínimo, nos fazer despertar para a parte que nos cabe nessa história; já que a nossa responsabilidade com certas questões difíceis em nosso país é muito maior do que aquilo que fazemos de fato para mudar. Nos omitimos de nossas dívidas, principalmente referente às questões de desigualdade social, raíz dos percalços que mais afugentam as pessoas do Brasil.



    *1Pensar em imigração me faz, sim, pensar em todas as questões que envolvem as maravilhas e dissabores do Brasil, e no meu compromisso (ainda deficiente) em relação a isso, mas também me coloca num momento piração... Antes de ser África, Europa, Canadá ou Brasil, o mundo é o mundo. Assim como somos pessoas, antes de sermos brasileiros, canadenses, etíopes ou o que for... E por mais que seja esse um "discurso panfletário", ainda acho que por mais que existam as diferenças culturais, podemos nos identificar com culturas estrangeiras. Não gosto dessa "obrigação" de me sentir brasileira. Não que esteja negando que isso é parte da minha identidade, afinal, cresci aqui e essa é a cultura que absorvi a vida toda. Mas o que quero dizer, é que creio que as pessoas podem se sentir em casa em outras partes do mundo e estar a vontade ao vivenciar uma cultura diferente da que experimentamos no Brasil. Quando viajamos, nos orgulhamos ao contar o quão enriquecedora é a oportunidade de conhecer e viver uma nova cultura. E mais do que simplesmente provar, acredito que podemos nos identificar com uma forma estrangeira de se viver, até mais do que com a vida do país de origem. Salvo as exceções radicais, as culturas - as pessoas, os valores etc têm muita coisa em comum, mesmo que os costumes e a organização de se viver na sociedade sejam diferentes.

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